Sento-me hoje aqui nesta cadeira, prendida a um teclado a escrever tudo aquilo que me envolve o coração e escorre pelos olhos.
Perdi-me no caminho, a estrada tornou-se confusa e os meus pés já não sabem o que é caminhar.
O mundo mudou, as pessoas decrescem e o amor desaparece. Aquilo a que um dia chamámos de valores está a ser levado pelo vento e nem a melhor maré conseguirá trazê-los de volta. 
Estou num circuito invadido pela guerra, rodeada de coisas sem retorno, de naturezas feridas e vejo de tudo, menos a cura que o tempo lhes pode trazer.
O mundo perdeu-se sozinho, e está a levar-me com ele até às coisas que um dia pensei nunca chegar a ver. Tudo me perturba e tudo acontece neste preciso momento, enquanto estou aqui a escrever estas palavras que de nada me servirão. Cansei de lutar, de tentar mudar o intocável e de insistir pelo perfeito. Deixei de me perceber, não consigo decifrar o bater do meu coração nem os sinais da minha razão. Deixei de saber distinguir o bom do mau e deixei-me apoderar pela indecisão. 
Agora? Agora apenas me posso refugiar naquilo que resgatei do passado e trouxe comigo para o presente, até o tempo me trazer as respostas a estas certezas. Refugiar-me naquilo que ainda é do tempo em que tudo era verdadeiro e que me leva a um bom porto. Pois sei que tudo o que aprendo hoje ou conquistarei amanhã, que nada é seguro nem estável. 
 
 
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