30 setembro 2013


O jogo acabou. Chego a casa, escondo-me no meu quarto, tranco-o à chave e fico a pensar nas jogadas que fiz.
Ganhei o jogo mas perdi-te a ti. Preferia perdê-lo e continuar a ter-te a meu lado, mas a tua essência assim o não permitiu.
Sinto o teu cheiro todos os dias, ouço cada gargalhada tua como se continuasse a ser dada por aquilo que digo. Ainda vejo no teu sofrimento o meu amparo e na tua angústia a minha compreensão. Continuo a viver tudo na minha cabeça como se ainda permanecesse aí a teu lado, de mão dada contigo e a contar histórias que jamais poderiam existir. Mas não passa daí, o mero destino colocou-te dois caminhos pela frente, e tu preferis-te o mais fácil, tão fácil que destruíu aquilo que tínhamos de tão complexo.
Vi-me obrigada a usar as minhas melhores jogadas, a criar a melhor estratégia e a derrotar-te. Derrotar-te a ti ou a algo teu, nem sei sequer, nem quero vir a saber pois fizes-te com que olhasse para isto como um simples jogo, uma mera batalha que apenas serviu para ocupar algum tempo das nossas vidas.
Mas agradeço-te na mesma, agradeço-te por me teres mostrado que podemos encontrar nas pessoas um breve porto e que precisamos de perder tempo com coisas que mais tarde se tornarão inúteis.
Pode ser que um dia me venha a arrepender das palavras que hoje aqui escrevi, mas até lá irei saborear a vitória deste jogo que foi conseguir habituar-me a viver sem ti.

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