(…)
Comecei
a gostar realmente de ti, comecei a depender de ti e das nossas tardes. Eras tu
quem eu precisava para ser feliz, eras tu não quem eu queria para toda a vida,
mas quem eu precisava a cada tarde. Gostava daquilo que nos unia, da
simplicidade dos nossos olhares e da complexidade das nossas conversas. A nossa
relação era diferente de todas as outras, eu não tinha o teu número nem o teu
e-mail, não andávamos na mesma escola nem nos encontrávamos à noite. A nossa
relação baseava-se apenas aquilo que vivíamos naquele banco, naquelas tardes,
naquelas conversas e sorrisos em que as tuas mãos se entrelaçavam às minhas e
permaneciam ali agarradas horas a fio. Talvez era por isso que tanto me
cativavas. Porque eras diferente, e me fazias descobrir a minha diferença. Era
tudo demasiado perfeito, perfeito demais para poder ser real ou até para se
poder contar. Até porque se contássemos, dizer-nos-iam que eram loucos. Loucos
por acharmos que aquilo que juntos vivíamos poderia ter algum valor emocional.
Às tantas até tinham razão, e éramos mesmo dois loucos, mas loucos pela beleza
da vida, dos sentidos, das formas, das cores e dos sons. (…)
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