E continuamos aqui, a observar este rio, inundados desta imensidão de sentimentos e torturas que aprendemos a sentir. E aprendemos a ser aquilo que nunca fomos porque queremos ser aquilo que poderemos nunca aprender. Porque necessitamos de crescer e percebemos que afinal não estamos assim tão preparados a enfretarmo-nos a nós mesmos. E continuamos sentados à beira deste rio, trocamos palavras soltas, roubamos beijos perdidos e inventamos sonhos que sabemos que se tornarão realidade. E continuo aqui, sentada a teu lado, enquanto existem vidas à nossa volta, enquanto tudo acontece e nada permanece intacto. E permanecemos a amar-nos como se fomos feitos das certezas que a eternidade será nossa. Como se todas as forças do universo unissem os nossos destinos e nos fizessem ficar aqui sentados por mais uns eternos minutos. E não desistimos. Nem cansamos. Porque sabemos que a vida pode continuar a passar e que se podem criar novos sentimentos, sensações ou criar-se medos, que o nosso lugar continua a ser este. Que independentemente do rumo das nossas vidas, este será sempre o nosso porto, e será sempre aqui que teremos o nosso barco amarrado. E o tempo passa. E nós continuamos, e nós crescemos, e nós mudamos. Mudamos sem nunca alterar nada em nós. Mudamos transformando tudo o que tínhamos como absoluto. Mudamos, mas continuamos aqui, a observar o correr do rio, e a força enfurecida que leva com ele. E mais uma vez, não desistimos. Poderemos querer ir com a corrente, e por vezes um de nós até é levado. Mas continuamos aqui os dois, - pois este é o nosso lugar - e mesmo que precisemos de sentir a corrente deste rio, a força das nossas essências fará com que a corrente nos traga de volta, a este lugar, onde um dia nos sentámos e jurámos permanecer, até que algo tão forte como a morte nos separasse.
E é por isto que gosto de ti, porque sempre gostei, porque já nasci amarrada à nossa felicidade, e porque sei que só em ti tenho o porto necessário à minha sobrevivência.
E sei que afinal, nada mudará isto. Porque és tu. Porque somos nós. E porque são as promessas e as vivências de tantas horas que nos fazem ser cumpridores desta promessa de não abandonar o cais que construímos juntos.
Porque suportamos marés, correntes, brisas e quaisquer temporais. Porque conhecemos o tempo e cada gota de água que corre neste rio. Porque estamos amarrados a um amor eterno e a um respeito e proteção venerável... E continuamos... Sem desistir. Sem cansar. Sem querer o irreverente. Sem sentir necessidade de mudar de cais.
Podes viver vivendo, viajar o que puderes e alterar o que precisares, pois eu permanecerei aqui sentada, iludida pelas tuas palavras e confiante das tuas promessas, a amarrar-te a mim e ao nosso futuro.
Pois afinal, é mais que sabido que nascemos para vivermos lado a lado, à beira deste rio imenso.
Sem comentários:
Enviar um comentário