Já nem o sono me agrada.
Já nem a dormir sou feliz.
Em tempos refugiava-me nele – pois era o único momento do
dia em que não pensava. Mas já nada é assim. Tudo vai mudando, e foda-se para
isso. Foda-se para as más mudanças e más aventuras em que me meto.
Foda-se para a imaginação, criatividade e para o sonho.
Dormir não deveria ser um momento em que a mente descansa? -
Pelo menos é o que me diz o dicionário. - E juro que não percebo a razão pela
qual não me deixam a dormir em paz.
Só eu, a pacatez da noite, da tarde ou do dia e a
simplicidade e literalidade da palavra dormir.
Às tantas neste momento até estou para aqui a dormir e a
inventar histórias que não passam de sonhos. Aliás estou sempre nisto, portanto
devo estar sempre a dormir.
Acordo sobressaltada, e vivo sem nunca ter dormido, e durmo
estando sempre a viver. Nunca paro – e garanto que me odeio por isso.
Significa que já não tenho qualquer refúgio. O único que eu
encontrava e usava todos os dias, descobri que estava disfarçado de mau sonho e
me fez viver iludida durante tanto tempo.
Obrigada aos sonhos por destruírem a minha felicidade
enquanto durmo, e obrigada mente de merda – desculpa, mas não tens outro nome –
por me impedires de viver enquanto estou acordada e não permitires crescer
enquanto durmo.
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