06 novembro 2014

Chegou a hora de voltar. Ao lugar de onde nunca deveria ter saído, e ao ponto que achei um dia não ter retorno. Voltei a mim e ao ser que um dia abandonei para sentir o exterior sem que nenhum pedaço já escrito me prendesse a ilusões mal estudadas.
Recuei. Recuperei. Para melhor ou pior. Ou talvez para um estado que nem eu própria consegui perceber.
As pessoas da rua fazem-me imensa confusão. - não devo ser pessoa - Estudo os pensamentos delas todas e leio o olhar das que se cruzam comigo, mas confundem-me. A felicidade aparente esconde-se quando os lábios se movem para pronunciar qualquer palavra. E o silêncio que as rodeia, a solidão, a incapacidade de ser pessoa, incomoda-me como nada mais me incomoda. As pessoas que passam nas ruas lá em baixo são estranhas. Leio tudo o que elas não tencionam que se perceba, ainda assim confundem-me e deixam-me com vontade de me fechar neste quarto frio à espera que volte o dia em que possa reler os olhares que sei de cor. 
É por isto que volto sempre, e que estou aqui novamente. Para estar em mim e parar de ler os outros quando me perdi na minha própria história. Afinal que sentido faz, querer fazer ser se não sei o que ser?! Vou para a rua, e desta vez juro que não os vou ler, nem perceber, nem interceptar, nem compreender, nem estudar, nem nenhum outro verbo que se interligue com as pessoas que se irão cruzar comigo. Vou para a rua. Ler-me, estudar-me, perceber-me, intercetar-me, compreender-me e estudar-me. Vou ser a pessoa da minha rua lá de baixo. E hei-de voltar aqui, quando precisar de voltar a perceber que é isto que me faz ser.
Sendo assim, até já.

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