12 janeiro 2015


Somos os dois seres mais incompreensíveis que alguma vez vi. E não é por entender os teus sinais que te acho mais compreensível.

Sabes, à muito tempo que não me lembrava de ti, e tinha mesmo de ser hoje. Dia sem razão aparente, hora sem qualquer significado e passados dias quase eternos de uma ligação que quase não existiu- quase, pois queiramos ou não, ela sempre existiu.- E é isto que me faz não compreender-te. Pois descontrolas toda a maneira como entendo o que me rodeia,  e sempre que entras nas linhas dos textos que escrevo, descontrolas a história que tento contar.
É verdade. E nem sei dizer se é bom ou mau. Sei apenas, que é nas horas sem significado, como as de agora, que me lembro de ti e deixo de compreender o que sinto. É isto que me faz ficar descontrolada. Saber que te reconheço, que te seria capaz de ler qualquer expressão, e que me proíbes de te compreender.

Há muito tempo que não escrevia. E queres saber? Não é a primeira vez que escrevo para ti. Mas não contes a ninguém, mais ninguém sabia que em tempos já te escrevi para tentar matar um pouco a mágoa que tenho dentro de mim por deixar que o destino se apoderasse do que sinto, e para mais uma vez, tentar compreender-te a ti e a mim.

Acreditas no destino?
Eu às vezes acredito, e suspeito que seja ele o motor de fazer ficar dois seres como nós separados cada um no seu canto– que no fundo, quem sabe, até pode ser o mesmo.
O destino, a idiotice, a estupidez, o futuro, o karma, ou a merda qualquer que tenha sido, para além de quebrar uma linha no passado, hoje ainda me atormenta. Atormenta-me quando te vejo, e mesmo não querendo, te leio uma expressão e compreendo um olhar. É só isto que hoje me dói. Não conseguir deixar de te compreender.
Mas que se foda não é? Que se fodam os mal entendidos, que nós queremos é seguir com o nosso futuro não é? – às vezes também me tento dizer estas coisas para ver se resulta. Mas depois, lá volto a horas sem sentido como esta que tudo cai ao chão e me volto a lembrar de ti. – És a coisa mais difícil que encontrei na vida sabias? - Fodasse, quase que parece uma história de amor.  – Mas olha, se for, que seja. Se és a mais difícil por alguma razão o é. Mais uma vez, o karma, o destino, o futuro ou outra merda qualquer há-de voltar para me mostrar afinal como hei-de deixar de te compreender. Até lá, continuo a escrever-te às escondidas, porque só assim mato a dor que tenho em mim de ter abdicado de um ser tão parecido comigo.
Deixo-te o texto, e estas palavras que talvez te magoem mais que qualquer outra coisa. Mas fazemos assim, se não queres que ele te magoe, finge que estás a ler um livro e que este é apenas um excerto de uma história de amor não correspondida. Assim, sabemos que nenhuma outra mágoa tua será causada por mim.


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