26 fevereiro 2015

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O café de mim 


Agora, que voltei finalmente aqui – ao lugar de onde nunca devia ter saído - sento-me neste sofá, onde tantos já choraram e riram das idiotices das suas vidas, paro, tento arrefecer o café e é nesse instante que o mundo à minha volta bloqueia.
No meio de tanta gente e pessoas, estou sozinha nesta espaço. Sou a única nesta sala. A única que vê, que observa, que sente e a única que bebe este café com verdadeiro prazer.
Às vezes gostava que as pessoas sentissem o mesmo sabor que eu sinto, que vissem tanto como eu vejo, e principalmente, que o calor deste copo de café as aquecesse tanto quanto me aquece a mim.
Não volto a sair daqui, não provo mais nada que o Caffé Latte, será o eterno amor da minha vida, quer queiram quer não. E que se foda o resto. Pois sei que quando voltar a descer aquelas escadas, que toda a dificuldade da vida me volta a perturbar, que irei ver mais do que quero e que todas as dores do mundo voltarão a mim. Porque o mundo é assim. Idiota e cruel. Tudo, porque nunca provou este café que alimenta vidas.


É por isto que vou permanecer aqui eternamente. Mesmo que as portas fechem e me expulsem daqui. Será sentada neste sofá, com o meu copo de café na mão, que irei continuar a ser a apreciadora de café mais feliz do mundo.

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