04 maio 2015

Podemos ser felizes? É a ultima vez que te pergunto isto. Até porque estou farta de esperar pelas oportunidades perfeitas para cada pergunta e de tentar adivinhar quais as tuas respostas.
Sabes há quanto tempo não somos felizes? Já pensas-te há quantos dias me obrigas a embrulhar por entre almofadas e lençóis à espera de algo teu?
É incrível a maneira como foges, como te escondes no teu maior íntimo e foges do meu controlo. É estúpida a forma como vives pensando que não preciso de ti, ou que as coisas são obrigadas a mudar.
Sabias que nada dura para sempre? Acho que o devias saber. E agora senta-te. Toma este café e bebe-o de olhos fechados. Já está? Agora responde-me: há quanto tempo é que não somos felizes?
Não deixes o café arrefecer. Já te disse que o meu maior sonho era percorrer esta cidade toda a pé?  Continua a beber e tenta ouvir as conversas das pessoas que estão à tua volta. A cidade lá fora está intacta, como tudo aquilo que é exterior a ti. A cidade lá fora está silenciosa, não há confusão, não há correrias, não há vida. O barulho está todo em ti e nos teus lábios enquanto eles tocam na mais doce bebida do mundo. Tenta ouvir o silêncio das ruas. Consegues? Sabes há quanto tempo é que a rua não se sentia assim tão silenciosa como hoje? Não bebas mais. Pousa o copo e fuma um pouco deste cigarro. Sentes agora a inutilidade de uma vida? Percebes agora a porcaria silenciosa que há à tua volta? Leva-o a dentro. Inspira esse fumo poluído e tenta sugar todo o sabor deste cigarro. Agora expulsa, e com ele tenta libertar todo o barulho da cidade que tens em ti. Devolve a identidade às casas e às pessoas que nela vivem. Não roubes o que não te pertence. Sabes há quanto tempo é que deixaste de ser tu mesmo?
Volta a agarrar no copo, e bebe o resto antes que até este resto deixe de fazer sentido. Pisa o cigarro e silencia-te. Ouve agora o silêncio que há em ti.
Sabes há quanto tempo precisava que me ouvisses e calasses todo este ruído?

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